Cerveja, vinho e destilados são alimentos calóricos que interferem na glicemia e podem gerar quadros de hipo ou hiperglicemia nos diabéticos
Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein
Pessoas com diabetes podem consumir bebidas alcoólicas, mas é preciso cuidado redobrado. Isso porque, além de aumentar a quantidade de açúcar no sangue (glicemia), as bebidas são alimentos calóricos que alteram os níveis de triglicérides e da pressão arterial, favorecendo eventos cardiovasculares.
“O paciente diabético é alguém que precisa diminuir o consumo calórico para perder peso e controlar a glicemia no sangue. Mas o álcool é um alimento, é uma caloria. Um grama de açúcar tem quatro calorias, um grama de gordura tem nove e um grama de álcool tem sete calorias. Fora as calorias da cevada, do trigo, e das outras bebidas destiladas”, explica Ricardo Botticini Peres, endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Um cenário possível é o quadro de hiperglicemia associado às bebidas. O álcool abre o apetite da pessoa, e favorece escolhas alimentares inadequadas ou em excesso, perdendo o controle glicêmico. “Também tem o caso do diabético que sai para beber com os amigos e se esquece de comer. Ele vai bebendo e, quando percebe, fez um quadro de hipoglicemia [quando a glicose está abaixo de 70 mg/dl]”, diz Peres.
Segundo o especialista, até mesmo o consumo de uma cerveja light ou sem álcool pode ser prejudicial para os diabéticos. Ainda que nestas versões, as bebidas também possuem calorias.
Toxicidade
De acordo com Peres, o consumo de álcool deve ser regulado porque afeta órgãos importantes e provoca danos celulares a longo prazo. “Em qualquer pessoa, a partir do consumo de cerca de 60 gramas por dia de álcool [150 ml de vodca ou de uísque, por exemplo], poderá ocorrer uma aceleração da morte de celular. O álcool mata células do fígado, do coração e do cérebro”, afirma.
No diabético, o risco dessa morte celular é mais significativo porque há uma irrigação menor dos órgãos-chave (fígado, coração, cérebro e rins) em razão dos níveis de glicemia e colesterol elevados — especialmente no caso de pacientes sem controle da doença —, que levam ao estreitamento dos vasos sanguíneos. “O paciente diabético tem a microcirculação alterada, e isso pode levar a um quadro de retinopatia diabética, de nefropatia diabética ou miocardiopatia diabética”, completa o especialista.
O consumo de álcool para portadores de diabetes, portanto, não é proibido, mas é fundamental redobrar o cuidado e a responsabilidade para não perder o controle da doença. “Não recomendamos o consumo, mas, eventualmente, a quantidade que um diabético deve tomar é de, no máximo, um copo. Não diariamente. Apenas ocasionalmente e em eventos sociais. Cabe ao médico alertar o seu paciente diabético para o risco de danos celulares”, alerta.
(Fonte: Agência Einstein)
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